segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para não dizer que não falei das flores.




As flores andaram reclamando, mandaram intimação, dizem que à elas não me refiro mais...

Que às tenho esquecido , que as mantenho intactas, porém empoeiradas.

Ameaçam partir, dizem que sem minha luz, sem eu lhes dar de beber, não se farão de rogadas, partem sem avisar e mais nada.

À princípio achei que fosse jogada das tais, mas agora olhando mais fixamente, vejo que muito não sobra e algo lhes falta.

Sentem, falta do meu dizer, do meu eu por perto, pasmo, mas causo efeitos mesmo evitando expor meus pensamentos.

Me amedronta saber que por não citá-las , por esquecê-las e deixá-las, umas ou outras não seguram suas pétalas, acho que de propósito deixam seu caule enfraquecer e mostram suas folhas mais amarelas.

Acho que gritam socorro , tentando me incriminar.

Eu que sempre delas falei, que sempre me permiti ver e senti-las, não escondendo minha admiração, hoje sou cobrada por ter dado de mais.

Mea culpa , eu não ter medidas e desmedidamente citá-las.Mimei demais as tais, hoje não me deixam nem sofrer e me recolher em paz.

Vez ou outra terminava , falando algo sobre elas e sempre me justificava ao fim, pra que não dissessem que delas não me lembrei.

Mas, a vida é assim , enquanto eu lhes fazia a corte, tudo era rosas, bromélias e gérberas, mas foi eu me descuidar , para até o lírio da paz, murchar.

Que me dêem as costa , quem se importa? Se não houve paciência para me esperarem voltar, reerguer e me reestruturar, que partam.

Mas que não deixem nem vestígios, que levem o aroma que sempre ficou no meu caminho, que recolham ao sair seus espinhos.

Aqueles espinhos que eu sempre convivi, sangrando aqui e ali, e ainda assim , mantinha-os por perto.

Se não nos entendemos mais, se tudo que vivemos não abastece o curto espaço que me ausentei, nada mais tenho a dizer, deitar-me –ei aqui e daqui recomeçarei.


Cristiane, tendo visões.

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