terça-feira, 28 de maio de 2013

Parte Cinco ( de coisas a te dizer)




Não me venhas com enigmas...
Não tenho a intenção de decifrar-te.
Meu objetivo é devorar-te.

Chega de entrelinhas, de recados cifrados.
Não sou dada à ler contratos.
Eu assino, depois...eu vejo
Depois eu arco.

Em dias como este, em noites como aquelas...
Fica uma urgência, que atropela os bons modos.
Que torna-se desnecessárias, as preliminares.

Hoje, só por hoje, descarto conversas longas.
Palavras rebuscadas.
Dizeres bem alocados.

Não espere o meu aval.
Não deseje o meu sinal.
Não pergunte a hora, não peça licença.
Por favor, chegue com máximo que puder de
Urgência e Indecência.

Cristiane, mas chegue logo!


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Parte Quatro ( de coisas a te dizer)




Há quem diga que certos dias, eu devia me calar.
O que talvez os  leve a pensar isso, seja a minha célebre frase ...
- Deixa eu te explicar:

Quando eu cismo de irritar, quando eu não concordo, quando eu vejo que a conversa pode acabar...
Quando eu quero Lhe prender, quando eu quero me soltar.
Ela vem à calhar.
- Deixa eu te explicar:

Sinto um prazer à parte, quando meu enredo te enreda.
Quando vejo seus ouvidos, recusando minha fala e ainda assim seus olhos, aceitando os meus.
Quando meu contexto,  você contesta, quando depois da discussão, tudo vira festa.

Gosto de deitar a língua, falar pelos cotovelos, desenrolar a ladainha, desabafar.
Acho bem excitante, misturar gírias e licenças poéticas.
Usar a língua Portuguesa, contra ela ...  mesma.
Chafurdar no lirismo, até a língua enrolar.
- Deixa eu te explicar:

Disse-se a boca miúda, que quem muito fala, tem pouco tempo pra pensar.
Pasme, quanto mais penso, mais quero falar.
- Deixa eu te explicar:

Dizer, articular, exprimir, proferir, pronunciar, comunicar, conversar, dialogar, discutir, são só algumas das ferramentas que uso para te perturbar.

Cristiane, falando...








quarta-feira, 22 de maio de 2013

Parte Três ( de coisas a te dizer)



Dia destes, devo abrir os olhos sem pensar em você.
Pensando bem, acho que isso está pra acontecer.

Tenho pressentimentos, que me levam a crer.
Em dado momento, não mais lembrarei-me  de você.

Sinto coisas diferentes, ouço vozes diferentes.
Estive com pessoas diferentes e não às comparei à você!

Pasme, você pode até duvidar-me.
Mas agora é fato, estou prestes à te esquecer.

Ontem mesmo, quase não falei de você.
Quase, não pensei em você.

Ontem...
Quase...
Não...
Você!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Parte Dois ( de coisas a te dizer)



Não me julgue...
Sou de voltar ao passado.
Remexer gavetas...
Abrir baús.

Remoer dizeres, querer cobrar afazeres.
Volta e meia, me apego às picuinhas antigas.
Vasculho ressentimentos, volto à estaca zero, dos sentimentos.

Guardo cartas, papel de presentes, retratos e mágoas.
De tempos em tempos, reciclo.
Rasgo, boto fogo, direciono ao lixo.

Quando a saudade me cata...
Não tenho forças para correr.
Não desejo resolver.
Emaranho-me nesse tempo curto...que me dou pra sofrer!

Cristiane, sendo clara.

Parte Um ( de coisas a te dizer)



Ontem, quase não dormi.
Semana passada, quase não vivi.

Vai tempo, que ando assim...
Parada, incomodada, aflita.

Levei o dia todo para te escrever...
Para decidir, separar, esmiuçar o que dizer.

Peneirar foi o mais difícil.
Por mim, despejava tudo na integra.
Mas... tenho um consciente, que teima em não submeter-se.

Engasgos à parte.
Queixumes, na fila.
De hoje não passa, hoje se firma.

Cristiane, reprimindo.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vá...zio!




Noto que me falta algo, quando  ainda pela manhã...
Me pego  enlouquecida no guarda roupas.
Arremessando peças por cima dos ombros.

Falando sozinha, maldizendo o tempo que teima em seguir seu curso.
- Como ousa  passar, quando meu desespero não passa!

Percebo meu estado um tanto mais estranho, que o de costume.
Quando, corro no meio da casa, procurando a escova de cabelo, que está na minha mão.
Grito, xingo, pulo.

- Qual a necessidade de se esconder de mim, porém comigo?!
- O que ganha, me irritando assim?

Em dias assim, ao detectar-me... rezo a ladainha do ...
....acalme-se, acalme-se, Deus por favor... acalme-me!

Grito pra dentro e ouço minha própria voz!
Grito pra fora, você continua mudo, não te escuto.
Tortura sem clemência, um ser humano dado ao transbordo, vazia sentir-se!

Cristiane, estranhando o eco.