sexta-feira, 18 de março de 2011

Até mais.

Lá se vai ele.
Crente, cônscio de que cumpriu sua missão.
Bate seu cartão, dá-me as costas, bate o portão.

Fico na janela acenando, mas ele não se vira, sabe que estou ali e não me dá atenção.
Penso em gritar, chamar-lhe, mas ele já fez sinal ao motorista, já não me escutará mais.
Vejo-o virando a esquina, deixo que algumas lágrimas, inundem minhas retinas.

Sem forças para sair do lugar, apoio-me como posso nessa janela.
Sei, todo ano passo por isso, tentar acostumar-me é o meu vício.
No entanto sofro, pela espera da chegada, padeço em toda aproximação da partida, sua.

Já jure , não blasfemar, me comprometi em não desmerecer as demais estações.
Mas se me calo, não sou eu, se não demonstro o quanto o verão me é querido, periga ele se ofender e por castigo, vir mais compacto, mais sisudo, mais frio...comigo.

Não correria esse risco, me debato na ida, me sacudo na volta.
Faço birra, cena, manha, como se fosse as preliminares de boas vindas à nova estação.
Não aprendi fazer cara de paisagem, quebro o protocolo, me desmancho e depois junto, me colo.

Já sinto os passos do Outono, sua brisa já me acaricia, suas folhas já deixam rastros em meus caminhos.
Sempre tento resistir á esta estação, que chega e se vai me confundindo.
Nunca me deixa advinha-la,entende-la, prevê-la.

Brinca comigo, com meus sentimentos, com meus calafrios.
Sou marionete em suas mãos, dias lhe acho tão chic, efusiva , em outros, me passa uma mesmice, uma suprema ingratidão .

Seja como for, que se vá, se acha que tem que ir.
Que a resignação anual me tome, que o Sr. Outono me chegue, assim que eu me proteger com um casaco meia estação.

Cristiane, dando um até logo ao verão.

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