quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

 




Meu sertão, virando mar.

 

Hoje, houve transbordo, romperam-se adutoras, barragens, aqui pelo meu interior.

Meu agreste, inundou.

Meus olhos não suportaram, minha alma, soltou a mão do meu raciocinar.

 Sentimentos se largaram, eu me soltei.

Hoje e talvez só por hoje, eu chorei de uma forma sublime. Chorei rezando, agradecendo.

Derramei-me, em gratidão.

Foi libertador, por que eu sei a diferença...

Já chorei tão desrespeitosamente, de dor, amor e desamor.

Por sinônimos e antônimos, côncavos e convexos. Tão despercebidamente, por birra, raiva, rancor.

Mas hoje não...

Hoje servi no cardápio: Proteínas, lipídios e mucina, tremi na pitada, ficou tudo tão salgado.

Deu-se uma pororoca, de dentro para fora aqui, uma enxurrada de sentimentos represados.

Não tentei resistir, não lutei contra, tanto eu quanto minha maquiagem, fomos à forra.

E foi tanto agradecimento, que só agora, envolta em lenços e suspiros, me dei a real conta.

Sou grata, ainda que aos prantos.


Cristiane, em transbordo.