Meu sertão, virando mar.
Hoje, houve transbordo, romperam-se adutoras, barragens,
aqui pelo meu interior.
Meu agreste, inundou.
Meus olhos não suportaram, minha alma, soltou a mão do meu
raciocinar.
Sentimentos se
largaram, eu me soltei.
Hoje e talvez só por hoje, eu chorei de uma forma sublime.
Chorei rezando, agradecendo.
Derramei-me, em gratidão.
Foi libertador, por que eu sei a diferença...
Já chorei tão desrespeitosamente, de dor, amor e desamor.
Por sinônimos e antônimos, côncavos e convexos. Tão
despercebidamente, por birra, raiva, rancor.
Mas hoje não...
Hoje servi no cardápio: Proteínas, lipídios e mucina, tremi
na pitada, ficou tudo tão salgado.
Deu-se uma pororoca, de dentro para fora aqui, uma enxurrada
de sentimentos represados.
Não tentei resistir, não lutei contra, tanto eu quanto minha
maquiagem, fomos à forra.
E foi tanto agradecimento, que só agora, envolta em lenços e
suspiros, me dei a real conta.
Sou grata, ainda que aos prantos.
Cristiane, em transbordo.