quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Partes inteiras.


Ainda lembro, quando todas partes minhas, eram suas.
Partes inteiras, metades faceiras.
Lembro da falta de preferência, qualquer parte minha, era Tua e única.
Tiravas prazer, fosse de onde fosse, dava prazer onde fosses, em mim.

Virava-me do avesso, dizia ser meu avesso, ainda mais excitante, que o fora e dentro.
Não paravas por aí, tiravas de mim, mais do que eu mesma, achava que podia ceder.

Ali eu era perfeita, única e preferencial.
Tua e somente, Tua, incondicional.

Estar preza à Ti, era exercício de liberdade.
Eu a exercia, com seu aval.
Por mais que eu me dispusesse, mais de mim exigias e eu...
Dava sempre mais, Lhe servia.

Cega me tinhas, cega eu ia.
Satisfazer Teus desejos, era o meu desejo.
Eu satisfazia-me, ao vê-Lo, embriagado de poder, sobre mim.

Mais que Tua submissa, eu era dona das minhas vontades.
Dona plena de mim, entregava-me a Ti.

Cristiane, sedenta.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Re- pensando.


Para não deixar nada pra lá, eu tinha a mania de juntar tudo.
Misturar.
Pegava tudo, acoplava, colocava aqui e ali, abraçava  o que dava, o que faltava eu voltava depois, para buscar.
Amontoar.
Ainda assim, existia a sensação de que nem tudo estava ali, faltava muito de mim.
Incompleta.

Com o tempo, as manias foram se alterando, como a vida, como eu.
Mutação.
Eu já não levava tudo, mas não me permita deixar muito.
Transformação.
Já convivia melhor com a falta, com o excesso, eles me eram parceiros.
Renovação.

Mistura vai, peneiras vem, cá encontro-me, reencontram-me.
Mais ousada, vívida, abusada.
Melhorada.

Cristiane, analisando.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Destilando!



Eu queria sempre, entrar pela porta da frente, mas não sou igual à você, acredite eu sou diferente.
Eu me arisco mais, mas não se desmereça, não precisamos ser iguais.
Eu pulo janelas, não para cortar caminhos, eu só não deixo , os obstáculos me impedirem.
Tudo bem, não precisa me seguir, fica onde está , que aqui já foi, mas não é mais , meu lugar.

Estou sempre , alguns passos à frente, não desanime, mas também não se esforce demais.
Cada um tem sua vez e seu lugar no pódio, nem tente, quando você chegar, já não estarei lá.

Bem sei, que às vezes é inerente ao seu querer, querer me imitar.
Eu percebo, mas deixo passar!
Tem vezes que desejei brigar, mas aprendi a não perder, só tenho tempo à ganhar.
Logo, vejo, rio e deixo pra lá.

Hoje vim escrever, para um dia reler, só para firmar.
Ser,estar e agir diferente, é exercício diário.
Dificilmente, você chegará lá!

Cristiane , envenenada.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Vendo o tempo (passar),Quer comprar?


Quando dei por mim, já era hoje.
Quando, me lembrei, tinha sido ontem.

Existe uma sensação, de estar sempre atrasada, a ansiedade do chegar e a frustração de não entrar, me faz pensar em voltar.

Sento ali e lá refaço meus planos, salvo enganos, levanto com a certeza , que desta vez, vai dar.

Tenho a nítida impressão, de que existe uma conspiração contra mim, entre tempo e sentimento, algo bem bolado, um degrau acima do rascunho, algo mirabolante, bem estruturado.

Me pega na esquina, assusta, engana, desanima.Uso de forças, que nem julgava serem minhas.

Ergo a cabeça, bato o pé, pirraço, desafio.Valha-me meu São Lourenço da Insistência Latente, olhai por mim, olhai pelo meus, pelos que já foram meus e por todos que ainda hão de ser.

Cristiane, atrasada!