terça-feira, 24 de julho de 2012

Entre...



Seja bem vindo...
Esteja você, indo ou vindo, o que a mim nunca é muito claro.
Caso esteja chegando, avise.
Caso esteja indo, deixe um recado.

A dúvida  aqui é  a virgula, que vem pontuando minha vida.
Separando, juntando, vem alterando pronomes, verbos, predicados   e sujeitos.
Adentre e instale-se.
Se por ventura chegar, sem jeito...
Ajuste-se da forma que só você saberia fazer...
Sente, deite,  esparrame-se.
Solte piadas, sem graça, faça conotações distorcidas, alegações esdrúxulas, comparações absurdas.
Vou rir, brigar, estrebuchar, dar de ombros,  só não devo me espantar neste momento.

O porteiro já terá liberado sua entrada, antes mesmo que eu seja  avisada.
Meu animal de estimação, já vai ter te lambido.
Você, deverá reclamar que  o ponto da carne, não está a contento.
Entre todas estas ações, em algum momento despercebido, eu já terei me rendido.

Cristiane, adivinhando chuva.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O peso do inverno em mim.




O frio, me trás uma sensação de realidade.
Ainda que nublado, tudo fica tão nítido.
Acordo mais séria,  logo, sou levada a refletir mais seriamente no decorrer do dia.

Tenho espasmos de frio e de preocupações.
Tremo  não só com o vento que toca minha face, tremo também com as obrigações que me rondam.

À tardinha, cai uma nevoa, que fica bem baixinha.
Um chá quente, alguns afazeres ainda pendentes.
Sou levada à dispor de tanta atenção, que a tensão,  não me dá espaço nem mesmo para uma bolachinha.

Saio, tranco a porta, com  a impressão  de que amanhã,  por mais que eu faça,  não será diferente.
São tantos à fazeres, que  mesmo sabendo ter feito muito, não cheguei ao fim.
Pensando bem, ainda bem! O fim me dá a impressão de que tudo acabou.

Um círculo de ações viciosas, que quando vistas no inverno, pesam.
O que me faz  chegar a conclusão, que quando chegar o verão, nada mudará.
No entanto, terá um sol a me abraçar,  raios de luz a me encorajarem.
Que mesmo sem tempo de me abanar,  terei mais sorrisos à dar!

Cristiane , pesada.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tecendo-me!




Surge, uma necessidade de sentar-me, em uma  poltrona bem torneada.
À frente de uma lareira, em uma sala bem decorada.
Servir-me de um chá inglês,  em uma xícara de porcelana bem lustrada.
Tecer à pontos largos, porém firmes, questões e sentimentos em mim, desfiados.

Tear apoiado nas pernas, cobertas por uma bela saia rodada.
Semblante pesado,  preocupado, introspectivo, focado.
Em pequenos goles de chá, que me fazem apenas molhar o batom claro nos lábios, sigo alinhavando métodos, táticas,  projetos, objetivos, desejos incontidos.

O cuidado para se estar com o dedal, a dificuldade em optar por determinadas linhas e agulhas, o esforço constante, para que um resultado condescendente  me chegue.
Fazem-me ainda mais atenta, feliz e satisfeita.
Dizem ao meu cérebro, gritam ao meu peito, que bordar e costurar é como se viver!

Há que se ter calma, preparar o ambiente, dar-se o melhor, para resultar-me no melhor.
Há que se fazer arremates, customizações, cortar, remendar, pregar, pinçar e quase sempre alargar.
Que minha vida, nada mais é que um tecido cru, onde eu transformo todos os dias, de acordo com a forma que sou e local onde vou e estou.
Hoje bailo, com um longo de corte godê.

Cristiane, em reforma.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Apaziguando



Tenho a impressão que novos  e melhores tempos, espreitam-me.
Vai-se tempo, que me observam, medem, conferem, calculam-me.
Algo como uma prova dos nove, com dividendos reais, com lucros  resultantes em dízimas periódicas...

Reticências, prolongam meu estado de felicidade...
Permitem-me pensar... um tantinho mais além.
Presenteiam-me com aqueles segundos preciosos,  imprescindíveis a seres afoitos como eu.

Hora vento, hora abrando, queimo, refresco.
Fervo, morno, construo, destruo, confundo.
Esclareço-me em versos!

Há de chegar, tomar-me e aos gritos jurar não me deixar.
Pensarei em relutar, mas me darei por vencida.
Haverá motivos  que sobrem, transbordem , inundem-me com possibilidades, desejadas e  bem vindas.

Cristiane, em paz!