segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pedaço de Mim *Chico Buarque*

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Lá se foi o tempo, lá se vai meu pensamento...



Vai Janeiro, fez o que tinha que fazer.
Abriu os braços, para o ano se encaminhar, abriu as portas, comportas, crateras, feridas, corações.

Sei, sou só mais uma órfã, das tantas que se fizeram esse mês e todos os dias, mas incluir-me, dói em mim.

Vai, em paz, ficamos nós pobres mortais, à procura dela.
Leva, o que tiver que levar, deixa a esperança, de que tudo volte ao seu lugar.

Deixa fevereiro se achegar.
Nada manso, deixa entrar com tambores rufando.
Reco recos, gritando.
Frevo, pegando.
Axé, embalando.

Sem economizar nos confetes, nas serpentinas, abram alas!

Deixa esse povo sofrido, ir pra rua , desta vez, gritar de alegria.
Pular, dançar, cantar, fazem isso com maestria.

Quero ver esse povo soltar os bichos, o riso, respirar com alívio.

Quero vê-los com novas fantasias, ainda que com os mesmos instrumentos, quero ver blocos na rua, sambas enredos fantásticos, baianas com saias bem rodadas, um povo, sempre cantando e com as mãos levantadas.

Vai Janeiro, vai, levou o que tinha que levar, diga a Fevereiro que traga esperança para o nosso olhar.


Cristiane, sofrida.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sufocada.




Sinto uma pressão atmosférica, daquelas.
Um calor dentro e fora, um aperto, naquele vazio.

Um sol, queridíssimo, guerreiro, se fazendo perceber.
Nuvens em bando, insistindo em aparecer.

Um começo de ano estranho, com dias ligeiros e planos se arrastando.
Um esforço surreal, para a embarcação da vida manter-se no curso.

Desce água, desce terra, abre-se crateras, sobe almas.
O Brasileiro, mostra sua solidariedade, sua força, sua fé.

Eu daqui , equilibro-me nesse fio tênue que é o viver e fazer acontecer.
Às vezes, telespectadora sem o controle remoto, sem possibilidade de ação.
Outras tantas vezes, guerreira de trincheira.

Assim, arrastam a humanidade.

Cristiane, esforçando-se na areia movediça.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Momentaneas V




Não estou confortável, com as noticias que me chegam.
Com as catástrofes anunciadas.
Com reações, de pessoas em cargos de ações.


Minha passividade, me desconforta, ainda que eu deitada em minha king, agarrada ao meu ursinho, durma o sono dos justos.

Para na manhã seguinte, não conseguir ingerir um café da manhã, por conta do noticiário matinal.

Julgo, penalizo-me, mas não descobri como me mexer.

Paira em minha mente, a vontade de me dedicar à algo que mediante situações como estas, eu possa dizer, fiz a minha parte.

Por hora, igualo-me aos governantes que eu ajudei a eleger.

Cristiane, politicamente incompleta!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Momentâneas IV




Hoje eu li Chico Buarque!
Que me desculpe o Sr. Tom,  ele me toca mais quando escreve.

Fiquei olhando sua foto, aqueles olhos claros com água, aquela boca de forma única, tomara Deus, nunca se cale.

Coisas de Cristiane, quando intermitente me sinto, procuro abrigo na mente de quem me convence, que existe gente que também padece do meu mal, que também conspira para o meu bem!


Drummond, querido, ainda me pergunto :

- Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?(Drummond)

Assim me pego hoje, recorrendo à estas mentes fantásticas, que me fazem crer, que amar é mais que bem querer.

No afã de que Chico tenha respostas, das perguntas que me faço, das questões que compartilhamos, de tão longe, vez ou outra, sinto-nos próximos.

-Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


-Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu.( Chico)

Esforço-me para que esse momento de vazio, encha-se dos meus próprios desvarios.
Que nestas falsas recaídas, haja força guardada, para me levar à razão ou à total perdição.
O intuito é chegar .

Cristiane, recorrendo.

Coisas que(quase) me fogem .

Vez ou outra, respiro profundo, puxo o ar com força, solto com lentidão, para ver se as idéias se realocam.

Uma tentativa desesperada, de acalmar o tumulto e tumultuar a calma.

Outras vezes , quero contabilizar, deixo o coração acelerar, um desassossego me toma, me leva e na hora do retorno, me deixa esbaforida , envolta em dúvida.

Um desejo irracional e incoerente, de encontrar um pó de pirimpimpim , que me possibilite exercitar a covardia, o poder estar ausente.

Do muito que tenho , pouco se foi.
Do muito que tenho, muito ficou.
Do muito que tenho, quase nada eu trocaria.

Tem dias que quase me foge..., a lembrança dos dias perfeitos, de sol na medida, de pisar em chão de terra batida, tomar água na bica, subir e cair de árvores, do mertiolate ardendo na ferida.

Tem dias que me esforço, para não perder o viço, que tinha tempos atrás, os desejos secretos e os indiscretos, as metas com planos mirabolantes, o pensar à diante.

O desdobramento hoje é maior, os resultados também, amém!

Cristiane, em fases !

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Plantando e colhendo fatos!


Fatalmente eu retornaria, viria digitar coisas que ficaram sem registro.
Coisas que por algum, e até muitos, motivos, aguardavam ser citadas.

É fato que, sempre perdemos algumas mudas, de tudo aquilo que no decorrer do ano, plantamos.

No entanto, o que não muda, ao final, é que, se não consegui uma floresta, terminei fazendo meu próprio jardim.

Esse texto, vai dar a impressão de melancolias justificadas, resumo de ópera não muito inusitada, fechamento de ciclo, mas daqueles fechamentos à força, tipo com nó cego na ponta.

Tudo bem, não vou maquiá-lo, deixarei algumas rugas mostrarem-se, talvez alguns fios de cabelos brancos, envoltos e revoltos ao meio da química, aparecerão.

Vou deixá-lo vir, quase desnudo, talvez com um pijaminha surrado, uma pantufinha sem cor, um rabo de cavalo. Sem nenhum glamour, vai apresentar-se, representar-se e partir, ainda que sem aplausos, vai sem culpa, sem desculpas, dar espaço à novos textos.

Talvez seja eu a única que o lerei, uma centena de vezes, porque cada vez que me releio, tenho a impressão que é um novo texto. A cada leitura, encontro assuntos novos e até velhos nestas mesmas linhas.

O que não muda, é a fé, a vontade de me tornar melhor, não melhor que o ano passado, mas sim, melhor que ontem, de fazer diferente o que necessitar ser modificado, de persistir no erro do olho alheio, no acerto julgado pela minha consciência e meus resultados.

Um 2011 não tão prolixo, como este texto, à todos amigos, leitores e afins.

Cristiane, Feliz em 2011!