quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bailado antigo!


A gente se entendia, se desentendia, atravessava o samba, errava o refrão, fazia pouco dos instrumentos, levávamos a cantiga na palma da mão.

Era tanta euforia, disritmia, que mesmo com passos ensaiados, danava-se tudo, furdunço, confusão.

Tinha dia que era tanta saudade, tantas juras durante o dia, mas ao cair da noite, já tínhamos discutido, o amor virado ódio, íamos dormir com o relacionamento destruído.

Quando a gente se via, era um fogo, um cuspir de vulcão, um tesão tão louco, que não entendíamos como optávamos primeiro pela, conversação.

Era um falatório deitado, tantos achismos, comparações e julgamentos feitos, que nos sobrava somente a madrugada, para o sexo animalesco.

Houve o tempo, que mesmo sabendo, que para nós juntos, não havia jeito, ainda insistíamos, ainda corríamos o risco, ainda bailávamos como em um parapeito.

Alguns dançam com os lobos, nós dançávamos com nossos monstros, no entanto, nosso palco era nosso leito.

Cristiane, ensaiando passos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Louca Sanidade.


Enquanto alguns procuram o equilíbrio, eu gosto de sentir a base tremer, o fogo pegar, minha pele arder.

A tranqüilidade me incomoda, em meio à calmaria, eu ouço vozes, falo sozinha.

Minha estimativa de paz, é desajustada, desmedida, desejada e alcançada, a paz é minha querida, aliada.

No silêncio, de meus mais íntimos pensamentos, dou a doida, grito, fico rouca, deixo minha voz ecoar no vento.

Algo em mim, busca acalanto, outros muitos algos, só se satisfaz com desentendimentos.

Não me assusto com o que vem de fora, só de dentro.

Quem me olha de fora, fica fora, no entanto não os culpo, são poucas as senhas para estar e olhar dentro!

Acho que confundo Deus, quando é hora de caminhar, eu corro, quando é hora de correr eu desacelero, ofegante, sento, quase morro, desespero.

Há que se ter muita fé, nesta minha vida, neste meu angu de caroço, em minhas loucas escolhas, às vezes desmerecendo o outro.

No mais, nunca estou só, entre a loucura e a sanidade, tem muitas pessoas ao meu redor, uns espreitam, olham de longe, não se chegam, outros ousam chegar bem perto, alguns até no meu leito, na noite eu os amo, no outro dia, os odeio!

Cristiane, sã!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Enfim, Setembro!



Sabe o que vai acontecer?
As flores, vão chegar de mansinho.
Vamos achar tudo, lindo.

Vai chover, aí vamos reclamar.
Depois agradecer, o refrescar.

A moda vai dizer, que é novo, usar tecidos florais.
Vamos esquecer do que temos no armário, vamos comprar mais.

Vai ter desfile em Brasília, vamos pensar, quem são os loucos que acordam cedo para ir.
No dia seguinte, vamos ter visto milhares de pessoas, aplaudindo a Presidenta.

Vamos respirar fundo, quando o mês acabar e nenhuma tragédia anunciada, se realizar.
Muita coisa, não deve mudar.
Mas é o mês das flores, tudo fica tão mais bonito.
Ficamos esquisitamente, mais otimistas, de bem com a vida.

Teremos dias não tão fáceis, outros fantásticos.
Naturalmente, vamos olhar os dias lindos que Setembro nos trás e pensar:
Se hoje não chegou tudo, amanhã tem mais!

É da nossa natureza, observar a natureza e nos fortalecer, animar, acreditar, que de onde Deus mandou essa beleza, tem mais, muito mais!

Cristiane, Setembriada.

A verdade entre nós!


Sei dos riscos que corro, mas não corro.
A verdade ainda me é, ente querida na minha vida.
Agüentamos ficar longe, uma da outra, pouco tempo.
Quando eu não a procuro, ela me acha.

Chegamos ao veredicto, de que eu sem ela não funciono.
Ela sem mim, fica sem eira, nem beira, perde muito, até o sono.
Sem ela no meu dia-a-dia, sinto-me travestida.
Perco minhas feições, não minto por preguiça, sou mais que isso, mentir seria covardia.

Tem sempre umas coisinhas, que a gente omite, transforma, infla e até não resiste.
Mas sou passível de erros, um ser humano, na difícil luta de ser humana.
Dou de ombros, volto atrás, ou nem volto, me escondo, deleto ou nem passo perto.

Dizem que peixe morre , pela boca, se não falei, pensei, o que pra mim dá no mesmo.
Meu pensar e meu agir, são separados por um fio tênue, passível de ser apagado até com um simples, corretivo líquido.
Tem gente que diz, passar uma borracha, mas não sou à favor, ficam sempre farelos na mesa, a folha marcada pelo lápis.

Sabemos nós, das verdades que nos cercam, das mentiras que nos carregam, dos nós dois vivos, mas ao mesmo tempo, cegos!

Cristiane, verdadeiramente estranha!