quinta-feira, 9 de junho de 2011

Constatação.


A sobriedade não me cai bem, eu sei, percebo.
Estar sóbria, não é algo que me cabe, que me compõe, muito pelo contrário, me indispõe.
Haja chatice distribuída, filosofias dirigidas, embasamentos relevantes.

Nasci para viver atordoada, envolta de amor, embriagada.
Só me reconheço, quando me desconheço.
Só me aprumo, quando me encontro, totalmente sem rumo.
Quando com as vistas turvas, vejo mais longe.

Sem muita firmeza nas pernas, vou muito mais a diante.
Tendo a cabeça zonza, eu penso melhor.
Articulo palavras, encaminho a coerência às favas.

Não sou ninguém, sem maldizer o amor.
Acostumei-me a sofrer por este sentimento inanimado.
Sinto dor e ela me faz mais interessante.

Chego a me denominar poeta dos mal amados, dos ditos malogrados.
Bato na tecla, do amor não correspondido, ser mais interessante.
Vende mais, é intrigante.

Resta-me, tomar um gole de amor todos os dias.
Usar, o que me cabe e o que julguei não ter mais valia.
Ir ao fundo do poço e julgar-me culpada, todos os dias.

Rezar para que não me falte, e na falta implorar, rastejar, mendigar um cálice que seja de um amor em desuso.
Jogado fora, aceitar de bom grado, esmola.

Cristiane, sóbria.

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