quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bailado antigo!


A gente se entendia, se desentendia, atravessava o samba, errava o refrão, fazia pouco dos instrumentos, levávamos a cantiga na palma da mão.

Era tanta euforia, disritmia, que mesmo com passos ensaiados, danava-se tudo, furdunço, confusão.

Tinha dia que era tanta saudade, tantas juras durante o dia, mas ao cair da noite, já tínhamos discutido, o amor virado ódio, íamos dormir com o relacionamento destruído.

Quando a gente se via, era um fogo, um cuspir de vulcão, um tesão tão louco, que não entendíamos como optávamos primeiro pela, conversação.

Era um falatório deitado, tantos achismos, comparações e julgamentos feitos, que nos sobrava somente a madrugada, para o sexo animalesco.

Houve o tempo, que mesmo sabendo, que para nós juntos, não havia jeito, ainda insistíamos, ainda corríamos o risco, ainda bailávamos como em um parapeito.

Alguns dançam com os lobos, nós dançávamos com nossos monstros, no entanto, nosso palco era nosso leito.

Cristiane, ensaiando passos.

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